terça-feira, 18 de outubro de 2016


Insólito: AS OBRAS DA SANTA CASA


"DESCUBRA AS DIFERENÇAS"



Não encontra diferenças?
Pois é, tem razão.
Diferente, entre as duas imagens, só mesmo a data.

Trata-se, no entanto, de um "edifício em reabilitação" (o da esquerda), o que, à partida, deveria querer dizer que está em situação já bem diferente da do outro, que se vê ao fundo, que, por sua vez, não passa, ainda, de um "edifício a reabilitar" - o que poderá querer dizer:  "um dia, talvez, sabe-se lá".
Mas este, em primeiro plano, está já "em reabilitação".  Até está "em reabilitação" há já vários anos, com uma evolução evidente que, se os meus leitores não conseguem discernir, é, certamente, porque estão de má vontade, tal como eu.
A situação, ao que parece,  não data de há, apenas, um ou dois anos atrás.

É que, escurecendo um pouco o desbotado cartaz que ostenta o outro edifício - o da direita, ainda "a reabilitar" -, ou me engano muito, ou aquilo parece ser um processo "/9?...", ou seja, de mil novecentos e noventa e qualquer coisa.
Ora, o processo do felizardo que até já está "em reabilitação" deve ser, até, mais antigo, uma vez que, deste, já a tinta toda há muito se foi.
Será mesmo?  Ah, não.  A nossa estimada Câmara Municipal não iria, certamente, deixar arrastar tanto tempo assim aquela miséria na Baixa de todos nós!
Não só por isso:  também porque a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, proprietária dos dois edifícios, cuida do seu património;  e garante-o, mesmo, em letras gordas, para quem quiser ver.



Aqui, a fachada que dá para a Rua da Prata.


No piso térreo, através do vidro sujo ainda se vê parte do stock da antiga Casa Terenas.


Na montra, algumas peças ainda ostentam o  preço;  como se, um dia, tudo aquilo ainda fosse voltar à vida, em lugar de, mais tarde ou mais cedo, ser esventrado.  Talvez mais um hostel, agora também da Santa Casa...

Tudo muito triste, muito velho, muito cinzento, nas obras da Santa Casa naquelas esquinas da turística Baixa.

Ninguém repara?
De tudo aquilo, a única parte do património da Santa Casa que parece, realmente, "cuidada" são os telhados.
Mas estes de nada servirão, caso a "recuperação" seja, antes, uma demolição do interior,
como normalmente acontece.

É claro que muitos outros imóveis degradados existem em Lisboa e, particularmente, na Baixa:  situações dessas venho, de há um ano a esta parte, denunciando muitas, aqui no Misérias de Lisboa.
Mas é o despudor dos dizeres, obviamente mentirosos, ostentados naquelas fachadas que torna este caso insólito;  principalmente se nos lembrarmos que quem nos prega a peta é, nem mais nem menos, tão misericordiosa entidade...
Se isto é atitude própria de quem afirma que "cuidamos do nosso património", não espantará, por certo, que outros, com menos responsabilidades e menos ostentação, "cuidem" do deles da mesma maneira.
Existe, nestas coisas como em todas as outras, a responsabilidade do exemplo;  e este não é, por certo, um exemplo a seguir.
Quantas mais destas obras da Santa Casa haverá por Lisboa,
com a complacência da nossa Edilidade?

Não faço ideia.

Esta, se quiser contemplá-la, pode encontrá-la na Rua da Vitória, tornejando para a Rua da Prata, mesmo em frente à Igreja de São Nicolau.

Mas...  não se apresse...  vá com tempo...


Pelo andar da carruagem, 
aqueles dois infelizes prédios estão, e estarão, ali para durar...

... a menos que utilizem, para os recuperar, alguns dos ganhos com o recente aumento do preço da aposta no Euromilhões...  sabe-se lá!


Este local situa-se na área geográfica de intervenção da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior 


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