quinta-feira, 6 de agosto de 2015


AVENIDA INFANTE DOM HENRIQUE (EXPO)



O tão empreendedor Infante da Ínclita Geração ficaria, por certo, estarrecido perante o estado de desolação de uma boa parte – se não da maior parte – daquilo que foram, em tempos, importantes unidades fabris, e, hoje, ontem e há que anos, não passam de fantasmas do passado sem qualquer futuro à vista, concentrados numa pequena extensão da Avenida à qual deram o seu ilustre nome.

Quando certos políticos, nacionais ou municipais, nos acenam com supostamente espantosos números do crescimento económico e do investimento, fariam bem em lembrar-se desta zona desolada, esquecida;  deste cemitério industrial adjacente à coqueluche alfacinha:  o Parque das Nações.
Tirando o emblemático "Baptista Russo", nada encontrei na Internet sobre estes degradados testemunhos de um passado já distante.

Fotografar, mesmo por dentro, não se mostrou muito complicado, dado que quase todos têm janelas abertas ou pontos de entrada utilizados por pessoas que por lá pernoitam, pintam graffiti ou os utilizam como espaço para consumir produtos tóxicos.

A grande dificuldade residiu em identificar esses industriais cadáveres, o que só ocasionalmente consegui.

É que já estão para ali há tanto tempo, que não encontrei quem os tivesse conhecido em vida.

Quase nada na Internet, também.

Ninguém deles fala, nem por eles se parece interessar.

De tão juntos, parecem solidários na sua interminável espera.

Estão ali.  Limitam-se a estar.  Nada mais.
- - -

Deixando, a pé pela Avenida de Berlim e em direção ao Aeroporto, a moderníssima Estação do Oriente e os luxuosos edifícios que, neste novo pulmão económico da Cidade, a rodeiam, damos logo, à mão direita, com um baldio, onde terá funcionado uma empresa de importação e exportação e, aparentemente, uma pequena unidade fabril.
O estado de abandono é total, e os edifícios estão no estado de degradação que as imagens documentam.



Ao que parece, alguém procura, habitualmente, abrigo num misérrimo barracão.
Virando à esquerda, logo após o viaduto, o que resta do que me disseram suspeitar ter-se tratado de uma oficina de manutenção de automóveis, sem poder, já, precisar a marca.

Numa malha puída, o habitual "BREVEMENTE"...
Continuando em direção à Av Marechal Gomes da Gosta, de cada lado da Infante Dom Henrique, duas estruturas abandonadas, sabe-se lá há quantos anos à venda ("mais de dez", segundo me disseram", mas parece-me uma estimativa bem conservadora).
Quanto à atividade industrial que lá terá sido desenvolvida, nada de preciso consegui apurar no local, além de uma vaga referência a uma fábrica de tecidos.

Continuando pelo passeio do lado esquerdo, algo em tempos chamado SERAL, e algo chamado ZARCÃO.

Não encontrei referências, ninguém, no local, me soube informar.
Logo acima, outra estrutura abandonada que não consegui identificar.


Um pouco retirado, num perímetro fechado onde opera uma empresa de sistemas de cultivo, mais um edifício que se vai esboroando até ao seu inglório fim.

Impressiona a concentração.  Instalações seguidas, literalmente pegadas umas às outras.

Têm algo em comum:  estão, todas, ABANDONADAS.



Mesmo em frente, o que terá sido uma antiga fábrica de embalagens de cortiça, desde há muito tempo utilizado como estacionamento de viaturas de uma conhecida empresa de aluguer de automóveis.

A empresa de embalagens cuja designação se consegue ler nas já muito esbatidas manchas das letras entretanto retiradas existe, ainda, agora na margem Sul do Tejo.

Mas da identidade dos atuais proprietários da defunta fábrica, ninguém me soube informar.  Apenas que se encontra encerrada há mais de dez anos.  Há muitos mais.

Voltando ao lado esquerdo de quem deixa para trás a Avenida de Berlim, temos, logo acima da passagem superior para peões, no Lote 330, mais uma instalação industrial, recheada de graffiti e de porcaria.
Esta, pelo menos, ainda tem assinatura. 





Não sendo, já, uma instalação industrial, não deixa, ainda assim, de manter alguma, embora clandestina, utilidade...  ---------->






Um pouco afastado, mas aparentemente pertencente ao mesmo complexo, um outro edifício abandonado, notoriamente utilizado para as habituais atividades de alojamento e consumo, onde um cão ladrava, sem se mostrar, quando visitei o interior.
Nos seus tempos glórios, terá servido vá-se lá saber para quê...

Já na esquina com a Marechal Gomes da Costa e contida num grande baldio, outra estrutura abandonada que não consegui identificar.
Como está, evidentemente, habitada, não entrei;  para não incomodar...

- - -



Na esquina oposta, e para finalizar, o ex libris daquela tralha toda:  o "Baptista Russo", como ficou conhecido após ter sido abandonado pela concessionária de uma prestigiada marca de automóveis alemã.

Diz a há muito desbotada malha na fachada que "AQUI PODE NASCER O SEU PROJETO".

Mas a gestação já vai TÃO longa, que, no resultado, ninguém parece acreditar.





Processo quê?

De quando?

Válido até?











Na mesma imagem, duas cidades, duas Lisboas.



A do Dom Vasco da Gama _:-)

e...

a do Infante Dom Henrique :-(





Deixo-vos com imagens do "Baptista Russo".

Do que resta dele...

Todas estas misérias ao longo de menos de 1,5 Km!
Impressionante, não é?

Este local encontra-se na área geográfica de intervenção da Junta de Freguesia do Parque das Nações.




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Alguns Links:






Espaço Percorrido:
Avenida Infante Dom Henrique, entre a Avenida de Berlim e a Avenida Marechal Gomes da Costa.

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