segunda-feira, 9 de julho de 2018


Insólito: EM CASA DE FERREIRO...


Bairro - outrora social - do Arco do Cego,
edificado na antiga Quinta das Cortes.

Ruas estreitas, edifícios de dois ou três pisos,
todos eles primorosamente conservados, pelo menos no exterior.

Todos ?   Nem todos...


eleições autárquicas lisboa

Ocupando a maior parte do quarteirão formado pelas ruas Nunes Claro, Ladislau Piçarra, Reis Gomes e Bacelar e Silva, encontra-se uma construção maior do que qualquer outra do Bairro, e num tal estado de evidente degradação que nos faz, à primeira vista, pensar tratar-se de um imóvel abandonado.

Além da tonalidade triste e desbotada da pintura exterior, em contraste flagrante com as cores vibrantes das restantes casas, as paredes exteriores do piso térreo, a toda a volta, estão miseravemente "descascadas".

eleições autárquicas
cml
Correspondendo ao convite, vieram os graffiti de qualidade abaixo de medíocre, e aqueles escritos a spray de tinta cujo significado apenas é acessível a alguns iluminados.

Uns e outros, apenas reforçam o aspeto de desalentado abandono a que tudo aquilo parece votado.
câmara municipal de Lisboa



Talvez para não destoar, o tempo tratou, também, de remover parte da pintura da madeira de portas pelas quais ninguém parece saír ou entrar;  e de janelas das quais algumas, meias abertas, são o único sinal de que alguém possa por ali andar.


Erguendo o olhar, são as fendas de toda a espécie, a humidade, a cor preta de marcas cujo significado não é possível ignorar.








Seja qual for o ângulo ou a fachada que se contemple, tudo aquilo transpira falta de caso, pobreza, negligência, desrespeito por quem por aquelas ruas passa e, sobretudo, por quem dentro daquele mausoléu possa trabalhar ou morar.




Neste ponto, já estarão, por certo, os meus caros leitores a perguntar-se como será possível permanecer, intocada, tamanha aberração num Bairro tão bem cuidado, sem que a distinta e exigentíssima Câmara Municipal de Lisboa se não apresse a intimar o proprietário de tão degradado edifícil para que trate de o mandar reabilitar;  ou, pelo menos, reparar.  Ou, no mínimo...  pintar.

Pois a resposta é de uma simplicidade surpreendente:  é que o proprietário é gente importante - pelo menos para a Câmara -,  não é pessoa que se possa intimar.



Muito pior:
o desleixado proprietário é a própria Câmara Municipal de Lisboa,
que ali tem boa parte do seu Arquivo a funcionar !




Tanto dinheiro gasto por essa Cidade fora a preparar eleições com obras de cosmética que, além de atrapalhar, cada vez mais, um trânsito já de si caótico, pouco de bom troxeram aos alfacinhas, e ninguém foi capaz de deitar a mão ao "cofre" que guarda um importante acervo documental que se estende por todo o período que vem desde o séc.XVII até, praticamente, aos nossos dias!


Francamente, que falta de...  tudo, enfim!








As janelas abertas mostram amontoados de livros, caixas e pastas que, a avaliar pelo estado geral do edifício, não deverão estar muito protegidos de infiltrações, de insetos rastejantes e do mais que possa contribuir para os deteriorar.





Não nos esqueçamos, também, de que, lá dentro, trabalham pessoas.  Pessoas que, seguramente, muito felizes não estarão com as condições que a distinta Edilidade lhes proporciona para laborar.

Nem, seguramente, com a tristeza que deve ser naquela ruína, dia após dia, ter de entrar.

E de ficar...





Com que "cara", com que legitimidade moral ainda ousa a distinta Câmara intimar para obras proprietários de edifícios porventura em condições não tão precárias, é coisa sobre a qual não deveremos deixar de nos questionar.

E de questionar quem, sobre estas coisas, tem o dever de legislar e de, mesmo em casa própria...  fiscalizar.


















Este local situa-se na área geográfica de intervenção da Junta de Freguesia do Areeiro


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Alguns Links:

Bairro do Arco do Cego (Wikipedia)

Arquivo Municipal de Lisboa - Arco do Cego (CML)

As Instalações do Arquivo Municipal do Arco do Cego (Rui Pedro Pereira)

quarta-feira, 6 de junho de 2018


Insólito: ESTRANHO LICENCIAMENTO




Na Avenida Magalhães Lima, ao Bairro do Arco do Cego,
ali perto do Liceu Filipa, existe um imóvel, o número 6,
pintado de maneira pelo menos original.



câmara municipal de Lisboa

Trata-se de um imóvel de rés-do-chão e dois andares.  Estes, encontram-se pintados de uma cor de rosa forte a toda a volta do prédio, o mesmo acontecendo com o lado Leste do piso térreo.

No entanto, o lado Oeste do mesmo piso, mantém a pintura anterior, de um tom rosa bastante mais leve, que prejudica bastante o efeito geral, mormente numa artéria em que os restantes edifícios se encontram recuperados e mostram uma pintura recente.



Parece claro que esta insólita situação se deverá, muito provavelmente, a uma disputa entre condóminos, quiçá por o proprietário do tal rés-do-chão ter valores de condomínimo em atraso ou ter-se recusado a participar, financeiramente, nas obras, e os restantes não terem estado pelos ajustes de pagar a parte dele.

No que lhe toca, e como se vê, parece nem se ralar com os vastos pingos de tinta que lhe escorreram pelas paredes abaixo, como as imagens documentam.

E, claro está, os altos designíos da nossa Câmara Municipal
não lhe deixam tempo para se ocupar de minudências destas.

cml
Ora, embora situações destas possam disso fazer-nos duvidar, parece-me que é, entre outras coisas, para evitar a ocorrência de disparates destes que existe a lei, e que existe a Autarquia a quem compete cumpri-lae fazê-la cumprir.

No entanto, das duas, uma: ou foi concedida uma original licença de obras contemplando, apenas a pintura de 5/6 da área da parede exterior;  ou, mais provavelmente, ninguém fiscalizou a obra, ainda não se tendo a Câmara apercebido, ao cabo de largos meses após o termo dos trabalhos, do estado em que aquilo ficou.


Ou, então...  mas não, é melhor não especular sobre outras causas que possa haver.

Entretanto...  vai ficar assim, senhores fiscais ?
Ou senhores vereadores ?

Ou 'isso não é connosco' ?

Este local situa-se na área geográfica de intervenção da Junta de Freguesia de Areeiro


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terça-feira, 5 de junho de 2018


ÁREA DE LAZER ?


Um breve apontamento à bacoquice ou à prosápia e falta de sentido do ridículo
de certos politiqueiros autárquicos,
ou à negligência daqueles que se lhes possam ter seguido.



No Bairro do Arco do Cego, bem junto ao Liceu Filipa e algures entre as ruas Caetano ALberto e Desidério Beça , existe um espaço com cerca de 7m² x 10m², em calçada de vidraço, 'equipado' com um simples banco de jardim.

Perante tão importante benefício para os Fregueses, alguém entendeu justo perpetuar a iniciativa mandando afixar uma minúscula mas bem visível plaquinha - ridícula e aposta numa parede bolorenta - que ostenta, orgulhosa, os seguintes dizeres:



ÁREA DE LAZER
CONSTRUÍDA PELA
JUNTA DE FREGUESIA

S.JOÃO DE DEUS
Janeiro de 2000

VELHAS VIAS, LDA


É verdade que desconheço, absolutamente, se alguma vez ali existiu mais do que um simples banquinho de jardim. 


Se não existiu, estamos perante uma ridícula manifestação de algo muito poucochinho, de uma necessidade de afirmação quase patológica que poderá ter, um dia, perpassado o espírito de alguém da extinta Junta.


Se existiu, teremos de nos perguntar o que terá levado a que, retirado esse hipotético equipamento, alguém haja decidido lá manter a ridícula plaquinha, já que, para todos os efeitos e para o passante desconhecedor do passado de tão 'importante' espaço, chamar, em letras bem gordas, 'área de lazer' a um banco de jardim será, porventura, uma das mais perfeitas e completas demonstrações de ridículo por parte dos poderes autárquicos que 'governam'  a nossa Cidade.







PS: Calhou-me passar, minutos depois, por um espaço idêntico existente entre as ruas Fernando Pedroso e Bernardo de Passos - do outro lado do Liceu -, no qual também podemos ver um banco de jardim como único 'equipamento'.  Mas este é, apenas, um trecho de calçada com um banco em cima, já que não teve honras de merecer uma plaquinha a perpetuar o bonito gesto de lá fixar o tal banco.  Qual será, então o critério ?


E como deve sentir-se injustiçado este banquinho, que não teve direito a qualquer distinção !...






Este local situa-se na área geográfica de intervenção da Junta de Freguesia de Areeiro 


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segunda-feira, 11 de dezembro de 2017


A Tortura dos Sopradores



Com o avançar do Outono aparecem, por quase toda a Lisboa, estes ensurdecedores aparelhinhos, despudorados atentados ambientais da responsabilidade de algumas juntas de freguesia, "justificados" pela necessidade de remover as folhas secas de cima do pavimento das ruas, praças e avenidas.

Estafermos mecânicos infernais, não nos deixam trabalhar, não nos deixam dormir, não nos deixam repousar, fazendo-nos recordar, com nostalgia, o tempo das clássicas vassourinhas.

Não só não se pode ter uma janela aberta em casa, como, mesmo com vidros duplos, essas "coisas" continuam a massacrar-nos, impedosamente, os ouvidos.  E, claro está, se interpelamos algum dos operadores pedindo contenção nas "aceleradelas" ou respeito pelo horário de descanso, apenas ouvimos um lacónico "estamos a trabalhar!...".  E estão.

Quem tenha a desventura de trabalhar ou morar perto de um jardim alfacinha, está mesmo bem arranjado:  a varridela mecânica arrasta-se, por vezes, horas a fio, muitas vezes fazendo coro com outros instrumentos de tortura auditiva, como aparadores de relva e afins, que "berram" em uníssono com os sopradores, numa desafinada cacofonia saída de equipamentos que, em princípio, serviriam, apenas, para limpar.  Sem poluir...

Só mesmo a inércia e o baixar de braços dos lisboetas - já mais que desanimados perante o triste desempenho das autarquias em praticamente todas as vertentes da sua atividade - permitem que continuem a sujeitar-se, impávidos e serenos, a esta tortura ruidosa e penetrante, quais escapes abertos de motocicletas, que nos entram pelos ouvidos, quantas vezes até ao Sábado, às primeiras horas da manhã!

Seremos uma terrinha de parolos, para estarmos, passivamente, sujeitos a monstruosidades já banidas em diversas cidades lá fora, por produzirem poluição sonora manifestamente muito além dos níveis máximos permitidos pela legislação comunitária?

Porque a verdade é que, se é proibido aos veículos motorizados, produzir níveis de ruído acima de determinados limites fixados na lei, não se entende como pode a Câmara Municipal - a quem compete a fiscalização dos níveis de ruído - deixar passar, incólume, uma manifesta infração ao Regulamento Geral do Ruído, que obriga, indistintamente, o Estado e os particulares.  E acima da lei não estão, seguramente, os responsáveis pela limpeza urbana:  as juntas e freguesia.

Assim, lá vamos assistindo, pelo menos nas freguesias ambientalmente mais retrógradas, ao desfilar de "bufadores de folhas" que incomodam muito mais do que uma "125" de escape aberto, a acelerar.  Ainda para mais, ao fim de semana...

câmara municipal de LisboaSaliente-se, também, que o simples facto de as folhas serem "sopradas" com aquela potência toda, faz descolar do solo todo o tipo de poeiras, detritos e produtos químicos que vão, direitinhos, infestar o sistema respiratório dos infelizes transeuntes - humanos e de quatro patas - que passam por perto, e conspurcar os automóveis e qualquer objeto ou construção que se encontre no raio de alguns metros.

Notável, também, não deixa de ser o "sofisticado" sistema de alimentação destes engenhos:  um bidão de plástico pousado no chão, pronto para que qualquer criança que por ali passe, desprevenida, o entorne... ou aspire ou beba o seu conteúdo, ou brinque, ou nele "lave" as mãos!  Ninguém vê isto, senhores da PSP?  Nunca passaram perto de uma situações aberrantes como esta?  Ou a "Escola Segura" não as contempla?

cml

Pasme-se, também, como as organizações sindicais e as de inspeção das condições de trabalho, tão exigentes em certas coisas, ainda não se interessaram pelo assunto, estando, como está, cientificamente demonstrado que estes níveis de ruído causam danos nos ouvidos desprotegidos de quem utiliza estes sopradores [ veja aqui ].  E muitos dos nossos jardineiros trabalham completamente desprotegidos!...


É verdade que existem juntas de freguesia, porventura mais civilizadas e evoluídas, em que é utilizado outro tipo de equipamento, elétrico, praticamente inaudível e muito mais seguro, como o que a imagem ilustra.

Muito mais eficientes, aliás, já que, em lugar de soprar as folhas, as aspiram, assim reduzindo, substancialmente, os custos operacionais, dispensando o recurso a mais mão de obra para juntar, recolher e ensacar as folhas e a porcaria que os bufadores vão, desajeitadamente, amontoando.

Mas, mesmo que se insista na opção pelo soprador, o certo é que também os há elétricos e silenciosos, assim se evitando esta rotina ambiental de pura barbárie!

Em suma: a utilização de sopradores de folhas a gasolina é, sob todos os aspetos por que a queiramos encarar, ilegal e condenável.

No entanto, por lá continuam, por opção arcaica de algumas, tambem arcaicas, juntas de freguesia, com o beneplácito da Câmara e o fechar de olhos das autoridades.

O que não podemos deixar de nos perguntar é:

se existem, já, equipamentos silenciosos, seguros,
que não causam incómodo,
como é que a Câmara Municipal ainda permite
que os "bufadores de folhas" continuem a poluir, impunemente,
o ambiente da Cidade, cuja qualidade compete à CML monitorizar,
bem como fiscalizar e punir os seus eventuais agressores?




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Alguns Links:

PETIÇÂO PÚBLICA

Soprador do Barulho (YouTube)

Soprador de Folhas (Público)

Avaliação do Nível de Ruído Provocado por Sopradores de 2 e 4 Tempos (artigo científico)

segunda-feira, 2 de outubro de 2017


RESULTADO À VISTA!



10h20m de 2 de Outubro de 2017.

Os votos estão contados.
Em todo o País, apenas em seis freguesias os resultados finais estão por apurar.
Mas os dados de Lisboa são definitivos: a contagem está fechada nas vinte e quatro freguesias do Concelho.

- x -

Segundo o sítio oficial das Autárquicas 2017, o Partido Socialista (PS) conquistou, a nível nacional, 157 presidências de câmara - mais 6,8% do que as 147 da eleição anterior -, e obteve 38,01% dos votos - mais 4,4% do que os 36,39% anteriores.

Isto, note-se, coincidindo com uma legislatura em que o PS se encontra sujeito ao desgaste da governação do Estado, assim não sendo, propriamente, de espantar se, mesmo tendo em conta a especificidade das Autárquicas, tivesse sido, globalmente, penalizado nesta eleição.

Não foi.

Tal como não foi em 2013, em Lisboa, quando, estando na governação da Câmara Municipal, obteve uma expressiva maioria absoluta de 11 vereadores em 17 disponíveis.

Da mesma forma que ontem, a nível nacional, não houve, nas Autárquicas 2013, qualquer desgaste, qualquer erosão devido ao facto de o PS se encontrar na governação.

Bem pelo contrário.


E, mesmo em Lisboa, ao nível das freguesias, também não!

- x -

No entanto,

nas Autárquicas 2017, em Lisboa,
o Partido Socialista PERDEU
a maioria absoluta, e três vereadores !

A política partidária, nacional ou local, não interessa, minimamente, ao Misérias de Lisboa, nem alguma vez irá interessar.

Mas sendo o "Misérias" um espaço que vem, desde há tempos, a chamar a atenção para aquilo que é e não deve ser em Lisboa, não poderia deixar-se ficar calado perante tão miserável resultado eleitoral, evidentes como são as causas que a ele terão conduzido.

É que não é um qualquer aselha que, num quadro eleitoral tão favorável
como aquele em que se candidatou, consegue um resultado tão desastroso,
em que perde nada menos do que 27,27% dos 11 vereadores !

É, de facto, necessário que a nossa extremosa Edilidade tenha optado por uma atuação pusilânime, e por se apresentar ao eleitorado, nos cartazes, literalmente de braços cruzados, numa postura que bem exprime o quase nada que, no que a intervenções de fundo, estruturais tem sido feito, preterido perante as inúmeras e extremamente incómodas obras de municipal cosmética que, nos últimos anos, diariamente tem imposto ao nosso outrora pacato dia-a-dia.

Esta quebra de 27,27% em vereadores corresponde a uma estrondosa perda de 21,26% de votos:  de 50,91% em 2013, o PS passou para meros 42,02% agora, o que ditou a perda da maioria absoluta com que tem vindo a governar.

A nível nacional, o PS sobe 4,4%.  Em Lisboa, desce 21,26%.

Ou seja:  o PS regista, em Lisboa,
um resultado mais de 25 pontos pior do que o total nacional!


Mas SÓ a nível municipal!

Nas freguesias de Lisboa,
o PS manteve os 40% de 2013!
Melhorou um pouco, até!


Não resta, assim, qualquer dúvida de que
a quebra brutal do PS em Lisboa
se deveu,
exclusivamente, ao
péssimo desempenho da
Câmara Municipal!


"Vitória" do PS em Lisboa ?

Mas está tudo doido,
ou o estado de choque fê-los levantar os pezinhos do chão ?

As palmadinhas nas costas recebidas no Hotel Altis
não foram de felicitação,
mas de comiseração, de conforto.


Porque, tirando aquilo que, por razões que nada têm a ver com a gestão autárquica, aconteceu ao Partido Social Democrata (PSD),
o resultado, em Lisboa, do PS
foi o pior de todos os principais restantes.

E, como estas coisas não acontecem por acaso, não há como dissociar o desaire da desastrosa, ligeira, inconsequente e pouco competente gestão camarária que vem sendo feita, iluminada por uma política que em muito pouco corresponde aos reais e legítimos anseios dos Alfacinhas, facto para o qual aqui me não tenho cansado de alertar.

- x -

A perda da maioria absoluta faz, necessariamente, com que uma ou outra força política minoritária logo se perfile como peça fundamental para viabilizar a governação camarária.

Mas atenção:

se essa peça fundamental sancionar a proliferação de ciclovias que quase ninguém utiliza em detrimento de lugares de estacionamento que ninguém pode deixar de utilizar; ou a complacência perante a quantidade de imóveis devolutos ou em ruínas, apenas para não tomar uma posse administrativa que lhe custaria fundos que prefere esbanjar em políticas de "embelezamento" esquecendo as obras estruturais;  ou o amadorismo de decisões tomadas e revertidas por erros técnicos fáceis de evitar,

não se admire essa mesma peça fundamental se, daqui a quatro anos, viver igual ou pior desaire do que aquele que o PS agora se vê obrigado a dar saltos de corça para tentar disfarçar.

Porque, como há anos ouvi a um ilustre Português que já nos deixou,
"a estrutura vence, sempre, a estratégia".

E, felizmente, assim o entenderam, também, os eleitores.

Desta vez, não vos trago imagens.
O vazio, não se pode ilustrar.




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segunda-feira, 25 de setembro de 2017


O JARDIM DAS «JOLAS»





Em parte do espaço outrora correspondente à estação de elétricos do Arco do Cego existe, hoje, um espaço verde denominado Jardim Arco do Cego (e, a fazer fé no que lá diz, não Jardim do Arco do Cego, que as pessoas parecem cada vez mais alérgicas a preposições e suas contrações).

O em tempos aprazível Jardim é delimitado pelas avenidas Duque d'Ávila, dos Defensores de Chaves, João Crisóstomo e de Dona Filipa de Vilhena.



Mas...  não se deixem enganar pela imagem, que é antiga,
e mostra algo bem diferente daquilo que, hoje, lá podemos encontrar.


câmara municipal de Lisboa

Para quem não sabe, vem a propósito desta história começar por dizer que, aos mais agradáveis fins de tarde e princípios da noite de anos passados - principalmente na Primavera e Verão - o Jardim se transformava num gigantesco bufete ao ar livre, onde centenas de pessoas entornavam, uns atrás dos outros, copos de cerveja fornecidos, mediante um esquema de desconto por cartão, por duas ditas "cafetarias" da Rua de Dona Filipa de Vilhena.
cml

Mais de cem barris ali eram despejados diariamente e, segundo relatos de residentes na zona, ao princípio da noite os excessos eram de tal ordem que não era raro ver por ali ambulâncias do INEM, chamadas para assistir pessoas em coma alcoólico.

De facto, o cartão com o nome de uma marca de cidra e o cartão "11 Jolas", além de, ao que parece, contribuírem para deixar boa parte daquela boa gente num estado evidentemente lastimável, inundavam a área e as residências que a circundam de uma inimaginável barulheira até altas horas do serão, barulheira que se espraiava pelas redondezas, quando dezenas de indivíduos completamente "emborrachados" se dirigiam, finalmente, para suas casas, berrando os excrementos produzidos por cérebros completamente embrutecidos pela bebida descontrolada, perante a inércia de autoridades que, ou nem lá estavam, ou parecia não estarem.


Outro impacto extremamente negativo daquele animado "convívio" era a javardice em que o Jardim todos os dias ficava, com latas, copos e porcaria da mais diversa espalhada pelo relvado e áreas circundantes.

Durante anos, eram os funcionários encarregados da limpeza pública que tinham de limpar aquilo tudo.
Dizem-me, porém, que, entretanto, terá a Junta de Freguesia chegado a acordo com os proprietários da "cafetarias" para passarem eles a suportar os encargos.  Se assim foi, ou não, não sei.

A escandaleira era tamanha que até a nossa anquilosada Câmara Municipal lá acabou, ao fim de não sei quantos Verões, por entender que, de facto, aquilo era uma vergonha e não podia assim ficar.

Mas...  como resolver o problema sem cair na desgraça - leia-se "perder votos" - daquela gente toda?  Porque isto de fazer o que já não se pode disfarçar que é, mesmo, preciso fazer é muito lindo mas... se vamos assim, de qualquer maneira... enfim, sabe-se lá, não é verdade?

A solução - brilhante - parece, então, ter sido, muito simplesmente...  fechar o Jardim.  Para obras de "remodelação".  Por um prazo de três meses e, mesmo, prometendo "ser breves.
No entanto, como, se repararem bem, quase sempre acontece com estes cartazes da Câmara, escrevem lá o prazo, é certo...  mas não a data em que começa a contar!
O que é ótimo, claro, porque, não havendo data de início, nunca algum prazo lhes será possível, pelo menos aos nossos olhos, ultrapassar!

Certamente que o Leitor tem, aí mesmo perto de sua casa, um qualquer cartaz deste tipo, a anunciar uma destas importantíssimas obras de cosmética que por aí proliferam, neste tempo eleitoral.

Ora vá lá espreitar:  encontrou o prazo, não encontrou?   E... a data em que começou a contar
Pois...



Notem bem que não quero, com isto, dizer que o prazo para as obras no "Jardim das Jolas" já esteja ultrapassado.  Mas dizem-me que os três meses, se não passaram já... devem estar prestes a passar.

Um trabalhador que por lá encontrei garantiu-me, aliás, que o Jardim seria reaberto "lá para o fim de Setembro".  Este Setembro.

No entanto, vejam bem o que, nos últimos dias, por lá encontrei (a cima e ao lado), e (abaixo) a "evolução" deste então...




Afinal, no "fim do mês" já nós estamos;  e o chão continua por acabar, a relva por aparar e replantar, e os graffitti por limpar.

Fora o resto, é claro. está...




Outra questão premente, que a "remodelação" não acautelou é o facto de, no Jardim passearem, ao longo de todos os dias, dezenas de cães.


Reservar, assim, uma parte do relvado para um parque a eles destinado teria, naturalmente, a virtualidade de tornar mais agradável o passeio e facilitar a tarefa dos donos e, simultaneamente, reduziria, em alguma medida, o espaço utilizado pelos bebedores de jolas que por ali deambulam.

Como é possível que ninguém disto se tenha lembrado?

Ou que não se tenha assim considerado?

Não sabem?

Pois é bem simples:  projetos feitos, como sempre, em gabinetes distantes,
sem o prévio cuidado de os enriquecer com a sensatez de um pequeno trabalho de campo.


O que mais poderá ser?



Mas esperem, que há mais.

Como vai sendo habitual na gestão da Câmara Municipal que temos, esta brilhante solução para o problema do "Jardim das Jolas" foi, também, uma decisão atabalhoada e tomada em cima do joelho.

Isto, bem o demonstra o facto de, para esta altura, ter estado agendado, pelo, menos um evento para este espaço, mais especificamente "A Arte da Big Band", no âmbito de um dos "Festivais" que caracteriza a rentrée política da Edilidade - "Lisboa na Rua 2017" -, a ter lugar pelas 19h da Sexta-feira 1 de Setembro...  e que acabou por se realizar no Campo Grande, já que o Jardim Casa da Moeda estava fechado para obras.  E está.

Vê-se bem que, quando o catálogo geral foi editado, ainda o evento estava previsto para o Arco do Cego.

Eis senão quando alguém, à última hora, resolve fechar o Jardim;  e, toca de correr à tipografia para ver se, pelo menos no folheto simplificado que foi editado depois, ainda se iria a tempo de alterar.

                                              


Apenas mais uma camarária trapalhada, enfim...

E... depois das obras?   E depois das eleições?

*) Quando o "Jardim das Jolas" reabrir, como será?
*) Que vai a Câmara fazer para acabar com o que na relva acaba vomitado?
*) Para reduzir a barulheira, os palavrões cuspidos alto e a bom som?
*) Para não desviar ambulâncias da assistência a quem delas necessita sem ter feito por isso?
*) Para quando legislação que proíba o consumo e bebidas na via pública?
*) Para quando a fiscalização das autoridades e a detenção de indivíduos que, na via pública, se encontrem em estado de embriaguez?


Sem rei nem roque, que Cidade é esta, afinal??


Até lá, vamos passando e olhando para aquela miséria.
E tentando adivinhar quando foi que, afinal, a contagem do prazo começou.

E quando irá acabar...



À Vossa!   Hips!

Até breve, no
Jardim das Jolas!


Wish you were beer too!



Este local situa-se na área geográfica de intervenção da
Junta de Freguesia de Avenidas Novas.




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Alguns Links:

Manifestação contra o aumento do preço da Jola no Arco do Cego está no Facebook
Arco do Cego - O Jardim da Cerveja que É Odiado pelos Moradores (IOnline)
O Jardim do Arco do Cego é o Novo Bairro Alto dos Estudantes (Diário de Notícias)
Arco do Cego Vai Ser Reformulado Devido ao Ajuntamento Massivo de Estudantes (Shifter)
Moradores Continuam a Queixar-se dos Ajuntamentos no Jardim do Arco do Cego (O Corvo)
Jardim do Arco do Cego (CML)
Jardim do Arco do Cego (Wikipedia)

quarta-feira, 20 de setembro de 2017


LISBOA... NA RELVA


Espetáculo, não é só o que se passa no palco.

Pensar o contrário, seria minimizar a importância do muito que se passa na envolvente, na sala, ou nos bastidores.

Centrando-me nos dois primeiros, devo começar por dizer que não é habitual poder associar a eventos da Fundação Calouste Gulbenkian aspetos menos positivos, seja no campo da logística, seja no da organização.

Duvidas não me restam, assim, de que, para eles se manifestarem, foi necessária a infeliz associação da Fundação às ações de rentrée politica da Câmara Municipal de Lisboa, mais propriamente à "Lisboa na Rua 2017":


Desta vez, no entanto, Lisboa não ficou "na rua",
mas, literalmente, "na relva".

câmara municipal de Lisboa
Refiro-me à apresentação da "Carmina Burana" no passado dia 9 de Setembro, no Vale do Silêncio, aos Olivais, em que nenhum assento digno desse nome foi disponibilizado aos espetadores - mesmo aos  enfermos ou mais idosos -;  nem foi, previamente, anunciado, que assim iria acontecer.

A brochura da Fundação dizia que "Pelo terceiro ano consecutivo, a Orquestra Gulbenkian reforça o compromisso de sair da sua casa em busca de novos públicos no contexto mais informal, levando composições de confirmado apelo universal a habitar espaços menos habituais de Lisboa, enquanto se afirma como um elemento vivo no quotidiano da cidade (...), propõem a conhecedores e curiosos o contacto próximo, no cenário convidativo do Parque do Vale do Silêncio (...)".

cmlPor seu turno, a brochura da CML anunciava, mais singelamente, que "Neste Lisboa na Rua apresentamos ao ar livre um concerto de excelência que poderia acontecer em qualquer uma das grandes salas de espetáculos do mundo: (...)"

Destes dois pequenos trechos poder-se-ia, então, concluir que o evento teria lugar num aprazível espaço ao ar livre, em contexto informal, um evento digno de uma grande sala de espetáculos.


Esqueceram-se, no entanto, ambas as brochuras de referir que o lugar "aprazível" era um parque quase votado ao abandono, onde não faltam folhas velhas e lixo, devendo os espetadores jazer num relvado aparado mas quase careca de relva, tendo como alternativa ficar sentados numa espécie de caixotes de cartão, acessíveis, unicamente, a quem se dispusesse a "secar" durante mais de um quarto de hora numa interminável fila.

Isto depois de aqueles que não tinham acesso fácil através do metropolitano ou habitavam as redondezas terem passado tempos infinitos a poluir o ar e a gastar combustível na procura vã, para estacionar, de um inexistente lugar.


No Sábado 9 de Setembro, foi isto o que aconteceu.


O estado em que se encontra o "lugar aprazível" está, em parte, documentado nas imagens que, acima, vos tenho vindo a mostrar.

Para se chegar ao relvado, há que, em qualquer ponto, atravessar a mata, onde, às folhas secas há vários dias amontoadas, se junta a habitual e contemporânea lixarada de noitadas ao relento à base de fast-food para partilhar.



De um lado, a lenta construção de um recinto desportivo;  do outro, escolióticas balizas sem rede, que talvez um dia terão servido para jogar.

Bem exemplificativo do quase abandono a que o Parque está votado, é o estado em que se encontram as tabuletas. O espaço parece estar abrangido por um qualquer regime legal; mas, após ter consultado todas elas, continuei sem conseguir apurar qual...



Chegados ao recinto do espetáculo, um relvado que mais parece um campo pelado,
com gigantescas falhas de relva e muito pouco verde onde os incautos se pudessem sentar.




Relva verde, verde, só mesmo à noite,
à luz dos holofotes da mesma côr !



Por altura do ensaio geral, ninguém, ainda, imaginava que iriam ser distribuídos "caixotes" de cartão para os espetadores se sentarem.  Vi, assim, alguns moradores das redondezas partir e voltar com cadeiras desmontáveis, provavelmente trazidas de suas casas.  Outros, mais prevenidos ou mais habituados a estas andanças, precaveram-se com mantas e artigos similares.

No entanto, ainda poucos dias antes tinha eu estado, no Campo Grande, a assistir a um concerto de Jazz, integrado no mesmo "Festival";  e havia lá uma razoável centena de cadeiras em plástico disponível para quem tivesse de se sentar, ou quisesse fazê-lo.  Lembro-me, também, de, anos atrás, um outro concerto da Fundação Gubenkian, no Terreiro do Paço, onde contei cerca de 1200 cadeiras, nas quais se sentou mais de metade da assistência;  pelo menos, daquela que, com antecedência, no local se quis apresentar.

Por que razão, então, não terão os Olivais e a "Carmina Burana" tido direito a igual tratamento ?

Terá alguém, entretanto furtado as cadeiras ??


Uma vez mais sem qualquer aviso, quem se preparava para assistir ao espetáculo lá acabou por descobrir, escondido ao lado do palco e à direita de quem para ele estava está virado, um pequeno recinto repleto de caixas, das quais sete apressadas e pouco bem encaradas pessoas afanosamente retiravam estruturas de cartão às quais davam a forma de quase paralelipípedos sobre os quais os espetadores, após exasperante "seca" numa longa fila, acabariam por se sentar.

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Mas não são os concertos da Gulbenkian para todas as pessoas de todas as idades?
Não alardeia a Câmara Municipal um suposto e constante cuidado com a gestão das acessibilidades?
Como entender, então, que, igualmente para todos, independentemente da idade e da capacidade de locomoção ou de sustentação, apenas tenham sido disponibilizados assentos deste tipo?
Como explicar!

Ou é tudo a fingir?

"Olhe, Avó, sente-se lá nisso , que é o que há!

Ou, então, voltamos para casa, que não podemos fazer mais nada!

Oh, Henrique, podes ir tu com ela?
Gostava, mesmo, de ver isto..."


E lá volta o Henrique a casa,
com a mãe da sogra, mas sem a "Carmina".


Que tristeza!

Que tristeza, Fundação!
Entretanto, junto ao palco, os que podiam enfileiravam-se numa espera de mais de um quarto de hora.

Para muitos, uma espera que se seguia a bastante mais de um outro quarto de hora à procura de um inexistente lugar para estacionar.

Porque, no calor da guerra - evidentemente perdida... - contra o automóvel, a nossa Querida Edilidade parece empenhar-se, agora, em promover eventos em locais onde, muito simplesmente, não há lugares de estacionamento disponíveis.  Isto, claro está, independentemente da distância a que os interessados em assistir ao espetáculo possam residir, ou da possibilidade de acesso com recurso ao transporte público por parte dos mesmos.

"OLIVAIS PRECISA DE TODOS"...
MAS, POR MUITO LONGE QUE MOREM,
 NÃO TRAGAM O CARRUNCHO, POR FAVOR!

Assim parecem implorar as pessoas que, por toda a alfacinha Cidade,
de braços sempre cruzados,
parecem expessar uma indómita vontade de inertes se deixar ficar!




Fica um pedido à Fundação Calouste Gulbenkian:

é excelente a ideia de saír à rua.
Mas escolham, por favor, a quem dão o braço nessa saída!

Aqui, deram um valente tropeção...







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Aqui perto, veja também:

AVENIDA INFANTE DOM HENRIQUE (EXPO)



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